Evoluindo

 52834 dias. Foi essa a quantidade de dias que eu precisei para crescer e me tornam alguém, ou pelo saber o que fazer para ser alguém.

 Precisei de muitos dias longe de casa, longe de pessoas que eu não queria ficar longe, mas eu superei.

 Sofri como nunca pensei que sofreria, mas no final eu sempre acabava rindo da cara de alguém.

 Senti saudades, assim como um recém nascido sente falta do cheiro da sua mãe.

 Tornei tudo que era meu, realmente meu, deixando de ser um tanto alheio.

 Chorei por mil motivos, alguns um tanto infantis e outros um tanto maduros, mas chorei, e continuo chorando.

 Conheci ‘n’ pessoas e me arrependi na metade delas.

 Fiz calos nos meus pés correndo atrás de coisas e pessoas desnecessárias na minha vida.

 Gostei da metade dos que conheço mais da metade do que eles merecem.

 Ganhei alguns arranhões batendo com a cara na parede quando insistia em acreditar em coisas irreais.

 Fiz coleção de fichas daquelas máquinas de caça-níquel que premiavam quem fazia as escolhas certas.

 Adquiri uns papeizinhos inúteis que me compensam os últimos 8 anos que gastei fazendo passinhos de dança por aí.

 Perdi oportunidade por conta de eventos naturais os quais eu odeio.

 Me tornei especialista em descrever minha vida em 140 caracteceres...

 Vicke Melo ;*

Do Ré Mi

   É necessário um motivo para viver. Por mais que não reconheçamos essa condição de existência do ser humano, sabemos que ela existe dentro de nós e dentro de cada um, por mais frio, calculista e ignorante que seja esse indivíduo.

   É necessário viver intensamente deliciando-se de cada momento, que seja ele presenciado por sentimentos triviais ou arrebatados, apenas viva para que a sensação de impressão possa ser mais viva em sua mente e em seu coração de que a simples e efêmera idéia do que poderia ter acontecido se você tivesse feito o que queria sem medo das conseqüências.

  É necessário ouvir as notas de um calmo e doce piano tentando gritar para nós qual seria o caminho da felicidade enquanto insistimos em seguir esse sempre mísero caminho de tristezas, infelicidades, sofrimentos, injustiças, injúrias, blasfêmias e falsidade. Ele grita loucamente, mas nós não falamos sua língua e permanecemos no constante erro.

  É necessário sentir dentro de você a batida que comanda todo seu corpo desde o seu nascimento até os dias que você vive e julga ser dono de seu próprio nariz sendo que nem ao mesmo deve saber sua própria origem. Para e sinta o ‘boom – boom’ que vem de dentro de você. Fale de acordo com ele, pense de acordo com ele, dance na sua batida, seja um nascido do ‘boombox’.

  

  No Dó levo o pé esquerdo à frente como um primeiro ato de avanço.  No Ré flexiono meus joelhos como um obstáculo que a vida tivesse me imposto. No Mi levo ao encontro de meu pé esquerdo o direito que ao se juntarem, se estabelecem me erguendo já no Fá.  Logo no Sol meu corpo cai como se estivesse tendo uma síncope e como um pêndulo vou para todos os lados até me re-estabelecer. Acompanhando um Lá, levo meus pés para os lados e fazendo círculos, a procura de um caminho mais fácil para ultrapassar aquele tão duro Ré. Como num passe de mágica dou um salto à frente e me vejo passando por cima de todos os dizeres e obstáculos anteriores. Curioso é que apenas 1828 dias; 43872 horas; 157939200 segundos demorei à descobrir isso. Desde o dia em que meu coração começou a bater em um ritmo diferente, e eu entendi o que é de fato sentir com a alma. Este é chamado de Si.

  Beijos e até a próxima,

Victórya Melo :)