segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sanidade



Pessoas passavem. Algumas correndo e outras andando normalmente. Era um ritmo alucinante... O Sol já se punha no oeste do parque. A brisa era fresca, o barulho... bom, este era reconfortante. 
  Elas continuavam passando e observando estranhamente
  Aquela garota dos cachos de ouro, a qual permanecia sentada no mesmo banco de concreto por mais de duas horas, assim fazia durante todos os dias da semana, do mês, do ano.
  Era conhecida de "Seu" Toni, um homem de meia-idade qua vendia água de coco gelada para os atletas e familiares, conhecida também de alguns, que assim como ela, buscavam calma e inspiração em tal lugar.
  Naquele dia, algo estava diferente. A jovem, que era escritora e bailarina, recebera no início da tarde uma carta de um familiar distantem avisando-lhe da morte de seu pai. Junto dela estava uma caixa um tanto pequena, dentro da caixa, havia uma urna, onde estava grvado em letra 'scriptina': "Vou feliz, e o mesmo à minha pequena tento fazer." Dentro dela estavam suas cinzas e uma estrela de prata, com a qual ele tinha sido condecorado quando ainda nas Forças Armadas.
  Aconteceu que ela entrou em um estágio bastante interessante de luto. Pensava na vida, ficava deprimida com assuntos fúteis, usava drogas lícitas em busca de alguma insanidade, se aprofundavaem pequenos fatos do dia a dia e foi atingida por uma série de profundos momentos de paranoia, dúvidas e medos, inclusive um curioso medo de peixes.
  Após dois meses com capacidade mental duvidosa, ela se via em busca de tal felicidade que seu pai desejava lhe proporcionar. Começou sua jornada na 'internet', no nada conhecido 'Google'. O primeiro e único artigo a ser aberto foi sobre a chamada "Carta da Felicidade; de Epicuro a Meneceu", na qual dizia que a mesma era encontrada a partir de quatro passos que seriam: não temer a morte, saber que toda dor é superável, viver bem independente de bens materiais e saber fazer suas escolhas pela sua própria opinião.
  O problema é que nada disto era o que ela precisava para ser feliz. Tudo o que queria era um dia com seu pai, fazer compras, comer na 'Subway', jogar boliche, assitir filmes, ir para festivais de dança; uma foto junto a ele tirada no lançamento de seu livro com uma 'Canon EOS 7D' comprada no mesmo dia pelo seu 'velho', e o melhor: um abraço apertado acompanhado por um -"eu amo você!"
  Muitos anos depois, ela voltou à sua rotina do pôr do sol acompanhada por marido e filhos, e continuava a escrever sentada no mesmo banco de concreto e a tomar água de coco do "Seu" Toni, dedicando seus livros a Drummond e a sonha com a foto ao lado de seu pai.
  Essas linhas se resumem em: Felicidade. E hoje essa velha dançarina se transformou na pessoa que vos escreve tal texto, mas que ainda corre da seção de peixes no supermercado.

Vicke Melo

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Já se foi...



  Teletubies; IO-IO; bete na rua até onze da noite; bandeirinha; polícia e ladrão; pique esconde no mato; filmes dos Atrapalhões na Sessão da Tarde; Xuxa saindo da nave; Cailou; leite com toddy na mamadeira; bico; fralda de algodão; meu cachorro que morreu; fotos inocentes; pessoas inocentes; jogo de futebol sem morte; Sandy e Junior; Britney Spears; expressão numérica; Digimon; Bayblade; Pokemon; A Caverna do Dragão; Thundercats; Power Rangers; pular elástico; levar brinquedo  pro colégio na Sexta; tirar soneca na aula era obrigatório; brincar de lego; colecionar tazz; 11² = 22 estava certo; patins era a moda!; apostar quem ia mais alto no balanço; Bambuluá era a maior diversão; SBT era melhor que Globo no Domingo; PAC MAN era diversão diária; computador só existia pra jogar paciência; piscina de bolinhas era pra todas as idades; pula-pula sempre estava no colégio no Dia das Crianças; Tom e Jerry; Flinstones; Falamansa; Pascoalina; o zoológico da minha cidade funcionava; andar de calcinha pela casa era engraçado; minha mãe me carregava.
  Um dia, foi melhor do que o que temos hoje.

Vicke Melo