quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Abundância


   Mulher, do verbo "ser": forte, independente, indestrutível, a melhor em tudo, invencível, incapaz de desistir, escudo, imbatível, inabalável, luz, razão, amor, constante, incapaz de não ser.

   Pois sabe, às vezes nós só queremos ser nós mesmas, sem nenhuma lente, nenhuma maquiagem, nenhum efeito e nenhum medo.
   Talvez na tentativa de defenderem os direitos de umas esqueceram as vontades de outras, pois, em 20 primaveras de "ser" nunca pude simplesmente ser. É talvez uma mescla do olhar machista onde homens não podem chorar com o feminista de que mulheres são auto suficientes, pois me deixem desfazer um mal dito: não são.
   Mulher é esse bicho que muitos não entendem- e quer saber, nem nós mesmas nos entendemos-, o tal ser humano que é desafiado pela mãe natureza a viver quando seu próprio corpo está se desfazendo, aquela luz na vida de muitos que esperam apenas um momento pra ganhar o seu sorriso único, sujeito que nunca se esquece que a maquiagem tem que ser à prova d'água porque não se sabe das lágrimas que virão durante o dia.
   Pois às vezes esse ser cansa de ser e só quer ser qualquer um, sem dever ou obrigação moral de ser forte, sem o medo de sentir e de viver, sem o receio de nunca ser o que sempre quis ser ou não conseguir ser o que esperam que seja.
   Eu quero poder comer mais um biscoito, poder chorar sem medo e poder dizer "eu te amo". Eu quero dormir às 4 e acordar às 13, fazer visitas inesperadas, dizer que sinto saudades e descer a maior avenida da cidade de patins de madrugada. Eu quero comer muito cheddar, dançar no meio da rua e até comprar algo bobo que eu sei que não vou usar, mas que eu achei tão legal.
   Lutamos todos os dias por coisas que nem sempre são o que nós queremos e perdemos de vista aquele sonho de criança de ser "gente grande" de forma que precisamos de um grito de liberdade, pois afinal, tudo que queremos é ser a mulher do verbo "ser", independente de gênero, raça, cor ou gosto musical.
   Pois lembre-se do pirralho que você já foi e imagine se você é quem ele gostaria de "ser".

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Ame(´)m!


   De forma natural, é necessário que se tenha esforço e dedicação suficientes para que se promova mudanças.
   O amor faz parte dos degraus utilizados para o que primordialmente é chamado de evolução.
   Não esse amor que muitos dizem sentir mas poucos de fato vivem, mas sim aquele que te constrói, independente de trancos e barrancos, com calma e leveza no ser que consegue se ver no espelho, não como um auto-retrato na forma visual, mas sim como uma corajosa correnteza de características únicas, presentes na estrutura de cada resquício de vida.
   O reconhecimento do igual, que permite com que este penetre no seu seguro reino, requer um domínio muito grande da tal da liberdade, pois assim que se dá o sangue, o amor, não pela imagem mas sim pela unicidade, te faz mudar primeiramente quais são suas prioridades.
   Acredito, por isso, que sejam totalmente falsos os discursos desses que não acreditam em amor. Só não acredita quem não viveu, e só não viveu quem preferiu se trancar, pois querendo ou não, ele bate na porta, e ele entra, mesmo sem ser convidado.
  E além do mais, o amor é mais divino do que se imagina. Para qualquer dúvida, amem, amém?

domingo, 15 de junho de 2014

Apologia ao sentir


   Tem gente, que tem casca. Não por mal, às vezes, nem por intenção. Apenas tem.
   Tem gente, que ranca casca. Nem sempre por opção. Mas ranca.
   Por vezes tentamos esconder quem somos, não numa tentativa infiel de mostrar quem não somos, e sim de proteger quem somos. Talvez esse seja o maior de nossos erros.
   Aprendi, depois de muitas cicatrizes, que com o tempo nós aprendemos a identificar quem é que merece uma chave para entrar. Esses tais "chaveiros", são pessoas que aparecem do nada. Não desse tipo que chegam pra fazer uma bagunça, e deixar tudo de cabeça pra baixo, muito pelo contrário. Esses tais, são exatamente quem colocam tudo no lugar, talvez no momento errado, ou no momento certo. Não sei.
   Às vezes, temos que passar por situações as quais achamos não estar preparados, para ter a certeza de que não só estamos preparados, como é aquilo pelo qual estamos lutando, todos os dias de nossas vidas. Talvez não de forma correta, se é que existe forma correta pra lutar pelo que se quer, mas com toda certeza, da forma que sentimos, afinal, nada mais justo que perder nossas cascas mostrando o que queremos.
   Desejar gritar aos quatro ventos é talvez o maior de todos desejos, não para mostrar aos outros, mas sim para dizer que "-Olá, eu tô aqui, e isso é o que eu sinto! Tudo bem?!". O que NUNCA é fácil, e muito menos dotado de uma certeza ou razão.
   Existem vários tipos de pessoas, bem como de sentimentos, e de formas de sentir. Mas, creio que a mais "difícil" de todas, é aquela que não sabe nem como se expressar, pois, devemos expressar, devemos sentir, devemos chorar, devemos sofrer, e sobretudo, devemos falar.
   Que não se repreenda mais aqueles que amam, aqueles que sentem, aqueles que mostrar ter alma, e um coração - tendo ele dono, ou não. Pois, nesse mundo, nada é pior do que o medo. Medo de ser, medo de ter, medo de sentir e o pior, medo de mostrar tudo isso.
   Me perdoem por talvez não saber me expressar de forma correta, mas, nós aprendemos a falar, a correr, a ler, a ouvir, mas, o pai que ensina a sentir, se chama Tempo, e que nele, se ame até não ter mais por onde amar.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Mais um clichê

   Às vezes, sonhar é muito mais do que fechar os olhos e deitar a cabeça no travesseiro.
   Eu encontrei um dia, um bom motivo pra me fazer sonhar, mas não é qualquer sonho.
   Tem gente que fala sobre não sentir o mundo sobre seus pés, sobre sentir o cheiro do vento, a cor da luz, o barulho do bater das asas das borboletas. Bom, posso não saber o que é isso, mas sem dúvidas, tenho descoberto o que é sentir o lugar onde estou pisando, sentir a terra sobre mim e ao meu redor, sentir a luz do dia ofuscar em meus olhos, e me deixe dizer mais, aquela sensação de deitar a cabeça no travesseiro e fechar os olhos, passou de um ato pra sonhar para um ato de quem já está vivendo o sonho.
   Se alguém me perguntasse qual era o meu sonho, seis meses atrás, eu inventaria mil injúrias, ou talvez nem diria nada. Mas hoje, hoje eu sei o que é pisar no chão.
   Clichê ou não, minhas experiências me tornaram, da melhor forma possível, um ser humano, mas de alguma forma, o Universo insistia em deixar algo incompleto.
   Não sei nada sobre o dia de amanhã, mas com certeza, sei dizer que um abraço é quando os anjos costuram nossas almas com fios de nuvens, e que nada é mais completo do que estar costurada à você.


   Vic Melo